25.12.08

A Culpa


O que paralisa é, também, o que move
nada inverte a correnteza
no último leito em que a água escorre
Quem muito extraiu desse rio
só rema pra margem quando é iminente
a chegada da queda prevista na nascente

Se a casa, na beira, cai
a culpa é do esforço não ter existido
ao construir a base que sustenta a família
e senti-la, de novo, todos os dias

Quando tudo está em ruínas
quem sobra procura o que tinha
Há um ruído ao longe
um canto de sobrevivência
sob os escombros

Sem pressa não há perfeição
no intento de dar alento
ao uivo de dor
que enlouquece o tempo
e traz expressões de agonia
por medo de uma ação tardia

Toda vida vale, um momento
Toda a vida vale, um momento
Toda vida
Toda a vida
Mas qual será o momento
que faz valer a vida?

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