14.2.07

Toujours

Por André Coruja
dO Meio do Mundo

Que eu não inunde os oceanos
de sóis a esfumaçar
como se no mais belo dia
você se cansar pra sempre
enquanto não dormir

Que eu não queira quem more longe
pra perpetuar a cor do sangue dos meus pais
como se a flor mais rara
brotasse entre pedras
e desabrochasse à noite

Que eu não desvie do impossível amor
apavorado pela rima dor
como se a língua trouxesse consigo
o beijo só pra ser dito

10.2.07

ALVENAR

Por André Coruja
dO Meio do Mundo
do Alvenar

Ao vento
de mãos dadas
Velas estufadas
Peito arfante
da labuta
de alvenar

O telhado pra sol e chuva
Tijolos pra sustentar
Casa armada, itinerante,
pra todo chão a pisar

9.2.07

VÉSPERA

Por André Coruja
dO Meio do Mundo

Passeando na beira do mar
a gente pode cair fora do país
Pra quem não soube andar
pouco importa a invenção da roda
O corpo é o divisor de águas
de um depois que quer virar passado
Parece que é sempre vésperado melhor a fazer

8.2.07

A PERGUNTA DO BALDE

Por André Coruja
dO Meio do Mundo



Se eu tivesse fé
talvez o chão vestisse plumas
no pedaço a cair
talvez eu não usasse armadura
Se eu botasse um amor de Deus
nas palavras externas da boca,
em cada vírgula,
a fala não usaria pontuação
Iria direto, sem medo

Há muito eu não enxergo
o que não se vê
e perdi o corrimão, a bengala
A outra mão dada

Eu nunca vi a noite
e não disse silêncio
por não andar caminho

Ah, se eu guardasse no peito
uma escada pro céu
eu a usaria no poço
pra sair

28.1.07

Profissão de Fé

Por André Coruja
dO Meio do Mundo

É tolo dizer que só se aprende na escola
Vermelhas são as notas dez reais
se a gente só fizer o que os outros acham que precisa ser
Do lado de fora da sala de aula e de dentro do mundo,
a lousa é itinerante
e o giz cai na mão do vilão
Eu queria um desenho animado com um herói professor